quarta-feira, 3 de agosto de 2011

TEMA PARA JUVENTUDE MARAPANIENSE: OS JOVENS E A POLÍTICA PÚBLICA *

OS JOVENS E A POLÍTICA PÚBLICA *

Por Diego Teófilo

Acadêmico de História,

Militante da Juventude Cabocla Socialista do Pará,

Coletivo Caboclo Monique Lopes, filiado desde 2007 no Partido dos Trabalhadores – Pará e
apoio administrativo do Instituto Universidade Popular – UNIPOP


Dialogar sobre as questões referentes ao universo juvenil é sempre fazer uma viagem, pelo simples fato de que a temática envolve uma diversidade de debates, discursos, análises e questionamentos. A efervescência do momento, os espaços de participação governamentais e não governamentais (ONGs) criados para os jovens nos levam a fazer diversas reflexões, avaliações, proposições, enfim, dialogar com mais intensidade sobre o tema e levando em consideração a sua complexidade.

Em 2004, uma pesquisa realizada pelo Instituto Cidadania, que inclusive foi uma das primeiras instituições que desenvolveu estudos sobre a temática juvenil no Brasil, trouxe-nos uma riqueza de informações por meio do Projeto Juventude. Uma das informações que me chamou a atenção, foi quando perguntados se “Os jovens podem mudar o mundo?”, 57% dos entrevistados responderam que acreditavam que os jovens poderiam mudar o mundo e dependendo da escolaridade esse percentual variava de 51% à 65%. Diante disso, remeto-me às possibilidades que o jovem tem no decorrer da sua vida e, de forma gloriosa, este dado é um indicador que quanto mais escolarizado, mais o jovem acredita que pode mudar o mundo. De 2004 até hoje, esta vontade de mudar o mundo vem crescendo, porém, o que é mostrado, principalmente pela mídia, são os altos índices de criminalidade envolvendo adolescentes e jovens, tentando relacionar diretamente a juventude com a violência.

Neste sentido, ao falar de adolescentes e jovens conecto logo esta com a prática de trabalho de um campo democrático que ao longo dos anos vem ganhando uma enorme força e adesões e que tem lutado incansavelmente por políticas públicas de, para e com os jovens também, a que reflete o quanto precisamos investir neste segmento, nas diferentes áreas de forma integrada. O trabalho que é desenvolvido por este campo que defende os direitos de segmentos excluídos, dentre eles a juventude, formado por intelectuais, movimentos, fóruns, redes, grupos de base, ONG’s, dentre outros, que por meio de ações afirmativas, pesquisas e diversas atividades estão contribuindo para uma juventude mais saudável e comprometida com as causas sociais e por cidadania ativa.

Percebemos que a partir da organização, seja participando de um grupo na comunidade, seja no envolvimento em um fórum, uma rede social ou em grupos culturais, todo este movimento proporcionou respostas positivas como a criação da Secretaria Nacional da Juventude e o Conselho Nacional de Juventude, como dois grandes marcos da política nacional de juventude, ambos com seus papéis a fim de contribuir e fortalecer institucionalmente a política de juventude.

No entanto, precisamos continuar caminhando para a conquista e garantias dos direitos da juventude através da materialização de tais políticas. Este intenso movimento se observarmos vem ganhando novas adesões e forças por todo o Brasil nos últimos anos, promovendo a criação de espaços governamentais como: secretarias, coordenadorias e superintendências de juventude, os quais refletem a necessidade de se discutir a fundo a temática, em espaços deliberativos. Contudo, não podemos deixar de destacar que há uma variação enorme sobre o entendimento e sensibilidade da grande importância que é acreditar e investir no segmento juvenil, que destaco como uma das maiores prioridades de um governo no que tange fomentar a implementação de políticas públicas para este segmento.

É importante fazer várias reflexões sobre outro grande marco do debate referente à juventude, que foi a realização da 1º Conferência Nacional de Políticas para a Juventude que tinha como objetivo “criar espaços para o dialogo entre o Governo e sociedade civil que servisse como base e subsidio para a consolidação de uma política nacional para a juventude, focalizada em direitos e autonomia por cidadania ativa…” (Castro, 2009).

Às vésperas da 2º Conferência Nacional de Políticas para a Juventude devemos refletir de forma crítica acerca de quais foram os avanços que tivemos, a partir da 1º Conferência levando em consideração os que já tínhamos almejado antes. Dentro desse contexto e fora dele, tivemos e temos diversos jovens de todas as regiões brasileiras organizados, mobilizados, participando de vários processos em função ou não da conferência. É importante darmos ênfase para a diversidade contida nesse processo que nos permite ter um olhar mais amplo na hora de pautar a política pública que queremos.

No processo de conhecimento e análise sobre compreender o mundo juvenil, os problemas que devemos enfrentar e as políticas públicas e programas sociais que devem ser criados, no sentido de ser uma ferramenta que possa contribuir positivamente nesse contexto. No decorrer do processo surgem diversos pontos a serem dialogados sobre as políticas para a juventude e gostaria de me remeter há um fragmento do artigo Apontamentos sobre Políticas Públicas de Juventude, recém publicado por Carlos Odas** que diz: “Juventude, como uma área de governo, é multidisciplinar, de fato; porém, não se conseguiu ainda, no plano prático, converter o conceito de transversalidade em integração efetiva das ações de áreas distintas”.

Sabemos que existem dificuldades na implementação das políticas, estas quase sempre não correspondem às necessidades e especificidades da juventude como um todo, por ser um segmento que em si possui uma diversidade extraordinária. Volto a afirmar que a transversalidade precisa acontecer de forma integral, pois ao falar em transversalidade precisamos garantir com que a mesma aconteça de fato na prática governamental, para isso é necessário que o diálogo aconteça nas diferentes instâncias governamentais e destas com os movimentos juvenis.

Combinado com o processo de luta por criação de políticas para a juventude está à formação como mecanismo de consolidação da participação, elemento fundamental de uma cidadania ativa. Quando falo de formação levo em consideração prioritariamente dois grandes espaços que estão diretamente ligados a vivência juvenil que são: família e escola.

Construir mecanismos de participação junto à juventude tem se tornado a cada dia um grande desafio, porém se estes espaços, forem potencializados, podem servir de canais de dialogo como ponto de partida e de chegada.

Destaco o papel fundamental de diversas organizações, coletivos, grupos, entre outros, que constroem alternativas de participação deste segmento. Defendo a formação como ponto de partida para que o jovem possa participar com conhecimento e compreensão e assim poder conhecer e dialogar com outros atores. Portanto, precisamos continuar avançando na pauta, no que tange a proposição, monitoramento e implementação e compreender o jovem como cidadão/cidadã é fundamental e principalmente ouvir a juventude no que diz respeito aos seus anseios e necessidades, para que se sinta como sujeito de direitos.

Do site do PT

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